Biografia da Serva de Deus
20 de janeiro de 1988. Embora seja o feriado de S. Sebastião em Pouso Alegre, paira na cidade um ar de tristeza e nostalgia do céu. Na Capela do Carmelo da Sagrada Família, centenas de pessoas detêm-se diante do corpo de uma mulher de 78 anos e meio – que definia a si mesma como pobre serva – para rezar e dar-lhe adeus. Misto de lágrimas, paz e Presença de Deus. Pouco tempo depois, algumas pessoas começam a rezar junto ao muro de clausura, onde sabiam ser o local mais próximo do túmulo onde descansavam os restos mortais daquela que todos chamavam de “Mãezinha”. Graças alcançadas se propagaram, e a tal ponto, que em 2005 as Monjas decidem abrir o Processo de Canonização.
Quem é esta “pobre serva”, chamada de Mãezinha?
Maria Giselda Villela nasceu em Maria da Fé, MG, em 08/07/1909. De caráter vivo, colérico e de forte vontade, mas dotada de um grande coração, era a alegria da família. Em 1914, aproximadamente, levou um coice de um cavalo na virilha da perna esquerda. A ferida transformar-se-á em um tumor maligno, do qual sofrerá a vida toda, até a morte.
Cursou o Magistério em Itajubá, MG. Malgrado sua frágil saúde, é admitida no Carmelo de Campinas, SP, em 29/11/1930. Em 12/04/1931, recebeu o Hábito, com o nome de Irmã Maria Imaculada da Santíssima Trindade. Um ano depois, faz sua Profissão de Votos Temporários e, no ano seguinte, sua Profissão Solene.
Em 1943 funda o Carmelo de Pouso Alegre, com três Irmãs, também do Carmelo de Campinas.
Diante das dificuldades próprias de um início de fundação, as três Irmãs, retornam e Mãezinha fica sozinha com as noviças: “É um mistério, e só procurando ver a vontade de Deus, fazendo-nos participantes do precioso tesouro e selo da Cruz, que Ele costuma dar aos seus escolhidos, já que Ele se mostra tão liberal com o pobre Carmelo da Sagrada Família”, que tinha então, apenas 4 anos de existência.
O telhado da casa ameaça desabar. Sem meios, ela decide enfrentar a construção do mosteiro regular, contando com a ajuda da Providência divina. As obras iniciaram-se em 1954, e em 1957 as Irmãs mudam para o novo prédio, onde só o essencial estava pronto. Com pequenas interrupções, foram 30 anos de construção, terminada em 1984. Tanta atividade não a fazia descurar da vida contemplativa de seu Carmelo. As Irmãs trabalhavam muito, mas o carisma teresiano era vivido com todo o fervor e alegria.
Mãezinha amava apaixonadamente a Jesus. Tomava todas as suas decisões com senso sobrenatural, sem respeito humano, com grande retidão e amor pelas pessoas. Inúmeras delas pediam-lhe orientação e orações. D. José d’Ângelo Neto afirmou que ninguém conhecia tanto a vida dos pousoalegrenses como Mãezinha.
Um ano e meio antes de seu falecimento, preparou a fundação do Carmelo de Campos, RJ, labor que consumiu suas últimas forças. Na manhã de 20/01/1988, parte para o Pai, em odor de santidade.